Novos antitumorais ativados por luz podem revolucionar tratamento contra o câncer

Imagem de capa: Autor desconhecido, encontrado na internet. Extraído de Oncolab

Em tempos de culto à fosfoetanolamina, é sempre bom valorizarmos os novos tratamentos contra o câncer sendo desenvolvidos seguindo a metodologia correta. Um dos mais promissores nos últimos tempos são os antitumorais “photoswitchables”, ativados por luz, que nasceram como uma alternativa menos danosa ao paciente, visto que as quimioterapias tradicionais possuem diversos efeitos colaterais.

Os photoswitchables são eficazes nesse sentido porque eles só executam sua ação destrutiva na presença de luz. Diferente dos quimioterápicos tradicionais, que atacam qualquer célula em atividade proliferativa – o que inclui o tumor mas também diversas células saudáveis -, os antitumorais photoswitchables agem transformando o oxigênio molecular nas suas redondezas em radicais livres, que são moléculas à base de oxigênio extremamente reativas e capazes de causar danos à células. Assim, administrava-se a droga e incidia a luz ativadora apenas na região do tumor, e a droga causaria dano apenas naquela região.

Porém, essa “primeira geração” de photoswitchables possuía um problema: A dependência de oxigênio. Como tumores são tecidos de altíssima atividade, as concentrações de oxigênio tendem à ser baixa na região, pois as células tumorais estão utilizando-o para crescerem e se multiplicarem. Isso limitava bastante a eficácia do tratamento. E é justamente para combater esta limitação que uma equipe de pesquisadores do Karlsruher Institut Für Technologie e da University of Kiev realizaram seu trabalho, publicado recentemente na Angewandte Chemie.

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Molécula GD-DProSw, em suas duas formas: Inativa (Azul) e ativa (Vermelha). Luz ultravioleta (UV) a inativa, e luz visível a torna ativa. (Créditos: Figure: KIT)

O trabalho, desempenhado pelo profº Igor Komarov e sua equipe, consistiu em desenvolver uma molécula, a GS-DProSw, que pode ser “desativada” com luz ultravioleta e re-ativada com luz visível. Ela é administrada inativa, e re-ativada no organismo no local desejado através da administração de luz. Para poder exercer sua ação independente de oxigênio, a GS-DProSw precisa conter algum composto que seja naturalmente citotóxico – ou seja, que tenha capacidade de destruir células. Para tal, utilizaram Gramicidina S, um antibiótico.

Os pesquisadores realizaram pela primeira vez testes em animais, tratando ratos uma vez por dia com o composto, irradiando a região do tumor com a luz ativadora por 20 minutos. Após apenas dez dias, os resultados foram promissores, com os tumores dos ratos tratados sendo significativamente menores que os dos grupos não-tratados.

Assim, a utilização de antitumorais ativados por luz parece ser uma forma muito promissora de tratamento, sendo eficazes mas apresentando poucos efeitos colaterais. Uma vez aperfeiçoada e testada em humanos, a técnica desenvolvida pela equipe capitaneada pelo Profº Komarov certamente irá revolucionar o tratamento da doença em todo o mundo.

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Fonte: EurekAlert