Perseguir demais a felicidade pode nos tornar infelizes

Como pessoas, geralmente gostamos da sensação de nos sentirmos felizes, mas alcançar esse estado pode levar algum tempo e requerer esforço. Pesquisadores agora descobriram que pessoas que buscam a felicidade demais sentem que nunca possuem tempo suficiente em suas rotinas, o que paradoxalmente os leva à insatisfação.  Aekyoung Kim, da Universidade de Rutgers nos Estados Unidos e Sam Maglio, da Universidade de Toronto no Canadá, investigaram a fundo esse efeito em um estudo publicado na revista Psychonomic Bulletin & Review, publicada pela Springer e também a revista oficial da Psychonomic Society.

Kim e Maglio conduziram quatro estudos nos quais estudaram como a busca pela felicidade assim como o estado mental que ela causa afeta a percepção de tempo das pessoas. Como resultado, foi descoberto que ir atrás da felicidade em excesso causa o efeito de pensar que o tempo sempre é escasso.

Nos experimentos, alguns participantes foram instruídos a listarem coisas das quais achavam que fariam deles pessoas mais felizes, ou a assistirem um documentário entediante, enquanto tentando mostrar interesse e buscar algum divertimento naquilo. Os outros participantes foram instruídos a pensarem na felicidade como uma meta da qual já haviam alcançado, enquanto eram submetidos a uma comédia ao invés de um documentário e à tarefa de listar itens que corroboram para o seu atual estado de espírito. Em seguida, foi questionado a todos quanto tempo livre eles achavam que haviam tido.

Os resultados principais desse experimento mostraram que a sensação de escassez de tempo está ligada ao ato de ocupar-se com uma jornada interminável (e muitas vezes, inalcançável) em busca de um sentimento. A sensação de que o tempo escapava pelos dedos foi reduzida naqueles cuja meta era acreditar que a felicidade já havia sido alcançada.

“O tempo realmente parece escapar quando estamos empenhados nessa busca pelo que desejamos”, explicam os pesquisadores. “Esse resultado corrobora com o que já vinha sendo observado, que a busca pela felicidade pode ironicamente ter o efeito contrário no nosso bem-estar.” De acordo com os pesquisadores, ainda que a felicidade possa ocasionar emoções muito positivas, nem sempre elas vêm sozinhas. A pesquisa também relata que pessoas possuem diferentes conceitos do que realmente é ser feliz, o que em troca influencia como vão atrás de seus objetivos.

“Comprometer-se com suas experiências e saborear as sensações que nelas vêm atribuídas requer mais tempo comparado a simplesmente acumular bens materiais, portanto sentir que o tempo é curto também é o que contribui para as pessoas preferirem uma felicidade material, através de posses, do que realmente criar seu lazer através de experiências,” o estudo continua provando, mostrando que quando as pessoas são pressionadas para aproveitar seu tempo dificilmente abrirão caminho para ajudar o próximo ou fazer algo voluntário. “Encorajando as pessoas a preocuparem-se menos com a busca diária pela felicidade como uma tarefa interminável, essas intervenções bem-sucedidas neste paradoxo podem acabar dando-lhes mais tempo e também, por sua vez, tornando-as mais felizes.”

Os dois pesquisadores acreditam que dada a influência que a disponibilidade de tempo tem sobre o julgamento das pessoas e seu bem-estar, permanece essencial entender quando, por que e como elas percebem e usam o seu tempo diferentemente em suas buscas pessoais.

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Fonte da matéria: EurekAlert!
Fonte da imagem: Fandango.com

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