Pokemon Go pode conter a chave para envolver pessoas em atividades físicas
(Imagem de capa: Sam Mircovich/Reuters)
O jogo de realidade aumentada Pokemon Go se tornou um fenômeno mundial nos últimos dois meses após o seu lançamento. Lançado há algumas semanas no Brasil, o jogo incentiva as pessoas à saírem de casa e explorarem suas cidades em busca de Pokemons localizados no mundo real. Devido ao caráter altamente ativo do jogo, muito se falou nas redes sociais e nos noticiários sobre possíveis efeitos positivos do jogo sobre a saúde de seus jogadores.
Uma abordagem mais acadêmica foi publicada essa semana no periódico Games for Health Journal, focado na temática de jogos de vídeo-game e seus benefícios para a saúde. Neste editorial, o pesquisador Tom Baranowski, da Baylor College of Medicine teoriza sobre potenciais efeitos benéficos do jogo.
Segundo Tom (e as fontes que ele cita), jogos que são caracterizados como “jogos ativos” – como é o caso do Pokemon Go – são capazes de aumentar os níveis de atividade física de forma significativa quando são jogados da maneira que foram idealizados (Ou seja, com o incorporamento da atividade à jogatina, e não tentando “enganar” o jogo, como alguns jogadores de Go tem feito). Porém, estes jogos tem dificuldades em manter este nível de atividade nos jogadores – o mais comum é que a atividade aumente por algumas semanas, até que o interesse pelo jogo diminui e, consequentemente, a atividade.

Pokemon Go é um jogo com forte caráter social, que incentiva as pessoas à saírem de suas residências, explorarem novos ambientes e interagirem com novas pessoas. (Foto: Drew Angerer/Getty Images)
Desta forma, é importante entender quais armas os jogos poderiam usar ao seu favor para aumentar o engajamento destes jogadores e mantê-los ativos por mais tempo – resultando tanto em um benefício para a sociedade quanto em um maior lucro para as desenvolvedoras. As principais hipóteses envolvem jogatina cooperativa, recompensas e estabelecimento de objetivos à curto prazo estimulados por estes jogos, entre outros fatores, mas ainda são poucos os estudos que são capazes de demonstrar quais os mecanismos mais eficazes.
É dentro deste contexto que se encaixa Pokemon Go. Go é possivelmente o mais bem sucedido jogo ativo, e pode ser uma ferramenta valiosíssima para a compreensão de como desenvolver jogos que engajem de forma eficaz seus jogadores. Assim, Tom aponta que é importante estudar o jogo e seus jogadores – traçar seus perfis, entender o que os motivou à começar e continuar jogando, descrever quantos jogadores de fato continuaram jogando e quantos caíram no mesmo efeito observado na maioria dos jogos ativos. Pokemon Go pode ser o objeto de estudo que pesquisadores do ramo estavam precisando para desvendar estes mistérios, tanto por oferecer um número extremamente amplo de amostras, mas por ter trazido atenção da mídia e do setor privado para este tipo de jogo – o que facilitaria bastante a vida destes pesquisadores na hora de conseguir financiamento para o seu projeto.
Assim, Pokemon Go trouxe grandes benefícios para o público leigo, e pode ser a chave que os pesquisadores da área precisavam para entender o funcionamento dos jogos ativos e como aperfeiçoá-los.
Agora, se nos dá licença, tem um dratini ali na esquina.
Fonte: Recomendamos muito a leitura do Editorial original em Games for Health Journal.