Entenda a teoria dos seis graus de separação

Texto escrito por alunos da disciplina de “Comunicações e Redes”, da Universidade Federal do ABC.

Imagem em destaque: autor desconhecido. Obtida na internet.

Se você tem 44 amigos, e seus amigos tem 44 amigos que você não conhece, e cada um destes tem mais 44 amigos, e assim sucessivamente por 6 vezes, você terá mais de 7 bilhões de pessoas: um número próximo do total de habitantes do mundo.

Isso mostra como estamos conectados. Você já deve ter ouvido falar na teoria dos 6 graus de separação: ela afirma que entre uma determinada pessoa e qualquer outra no mundo, por mais distante que esteja, existe um caminho que pode ser feito passando por no máximo 6 conhecidos.

Se essa teoria estiver correta, você pode estar conectado ao Obama, Tom Cruise ou qualquer pessoa no mundo em só 6 etapas: Um colega de trabalho de um vizinho de um primo de um amigo seu pode conhecer o Sílvio Santos, ou um açougueiro alemão, ou uma dona de casa da Austrália. Por mais absurdo que pareça, um experimento social feito em 1967 pelo psicólogo Stanley Milgram encontrou uma média de 5,5 conexões entre duas pessoas quaisquer nos Estados Unidos, um número bastante próximo dos 6  graus sugeridos.

Esses dados sugerem que nossa sociedade é uma rede muito mais conectada do que possa parecer: as distâncias que separam os indivíduos são, na realidade, muito pequenas se comparadas com o número total de habitantes da Terra. Por isso, podemos dizer que vivemos em uma “Rede de Mundo Pequeno”.

Redes de Mundo Pequeno são modelos de representação de redes complexas, as conexões entre dois elementos desse tipo de rede são formadas por dois vértices com uma distância pequena entre eles, ou seja, cada vértice possui uma relação estreita com o outro que esteja ligado a ele, fazendo com que o agrupamento local de elementos seja alto e o caminho entre dois vértices quaisquer seja curto.

Então, imagine que dois estranhos se conheçam e descubram que existe um amigo em em comum. No caso, são dois pontos centrais conectados entre si e com vários outros, gerando uma rede e um fluxo. Se considerarmos os diferentes círculos sociais, pois cada um dos dois estranhos possui seus próprios amigos e contatos, que se conectam e formam uma rede de mundo pequeno, no caso, ligando apenas esses 2 grupos. Outro exemplo é que se eu conheço uma pessoa, que conhece outra pessoa, que conhece outra pessoa e assim sucessivamente, eu posso acessar uma “última” pessoa possível por meio dessas conexões, e se cada membro do círculo também faz o mesmo, se conectando à mais e mais pessoas, criamos uma rede de conexões. Hoje pode-se dizer que já são necessárias menos do que 6 conexões para se chegar em qualquer desconhecido na Terra: dados de 2011 do Facebook mostram que 92% dos usuários estão conectados por só 5 outras pessoas. Em menos de 6 apertos de mão com estranhos, nos conectamos ao mundo todo. Usa-se também esse modelo em várias linhas organizacionais com o intuito de maximizar a conectividade e minimizar o número de conexões. Podemos ver um exemplo no cérebro humano, onde há cerca de 80 bilhões de neurônios e cada um estabelece cerca de 7 mil conexões, o que é um número pequeno para tantos “vértices”.

Pode-se concluir que as conexões aumentam a eficiência em qualquer cenário, tanto em processos pelo homem, quanto na natureza, como pode-se observar essa organização em organismos e até no universo pelo cosmos.

Referências:

Newman, Mark, Albert-László Barabási, and Duncan J. Watts. 2006. The Structure and Dynamics of Networks. Princeton, NJ: Princeton University Press.

Milgram, Stanley. 1967. “The Small World Problem”. Psychology Today.

Bear, Mark F. 2010. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. Artmed. 3ª edição .

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