Cientistas encontram forma de deixar células cancerígenas mais vulneráveis
Imagem de capa: Encontrada na internet, autor desconhecido. Extraído de Sunfood e creditado para mostlyscience.com
Os vários tipos de câncer estão entre as doenças mais prevalentes e mais letais no nosso mundo moderno. Assim sendo, é importantíssimo estudar os mecanismos pelo qual a doença opera, de forma a procurar novas possibilidades de intervenção, ou formas de melhorar os tratamentos atuais. Os achados de uma equipe de pesquisadores liderados por Eric Witze, da University of Pennsylvania, entram na segunda categoria.
A equipe investigou o papel de um receptor presente na membrana celular de células cancerígenas chamado EGFR. Receptores de membrana são proteínas que interagem com um sinal vindo de fora da célula e “repassam” essa mensagem para o meio intracelular, desencadeando alguma resposta. Em células cancerígenas, a ativação de EGFR promove o crescimento e a proliferação das células cancerígenas.
Foi por isso que os pesquisadores se surpreenderam com os resultados de seu experimento. Eles testaram uma molécula chamada 2-bromo-palmitato (2BP), que inibia a adição de palmitato à EGFR. O palmitato é um ácido graxo comumente encontrado em todos os seres vivos, e tem forte relação com a ação das proteínas de membrana, como é o caso da EGFR. Ao aplicar o 2BP sobre as células cancerígenas, os pesquisadores observaram que o palmitato não era mais adicionado à EGFR, e isso fazia com que ela fosse super-expressa, como um interruptor incapaz de ser desligado. Porém, ao contrário do que seria de se esperar, essa super-expressão de EGFR causou uma redução na velocidade de crescimento das células tumorais. Para os pesquisadores, é como se a super-ativação da EGFR fizesse com que a célula perdesse o controle da sinalização.

Modelo de molécula de palmitato, ou ácido palmítico. (Imagem: Jynto e Ben Mills, Domínio Público)
E, ainda mais promissor, quando estas células foram tratadas com genifitib, um fármaco anti-tumoral que inibe a ação da EGFR, as células morreram. Ou seja, o tratamento com a 2BP fragilizou as células ao fazê-las perder controle sobre a ação da EGFR e, ao ter essa ação completamente inibida, elas morreram com mais facilidade do que sem o tratamento com a 2BP.
Naturalmente, há limitações: Esta estratégia só funciona em cânceres onde a EGFR tem um papel importante. Além disso, o composto ainda não está pronto para uso comercial, visto que o 2BP inibe a adição de palmitato às proteínas de todo o organismo – o que teria consequências terríveis para as células normais. Porém, caso um fármaco específico venha a ser desenvolvido, a inibição de palmitato pode se mostrar uma estratégia bastante promissora no combate ao câncer.