Pesquisador brasileiro faz galinhas desenvolverem pernas de dinossauro
Imagem de capa: Jason Brougham, Universidade do Texas.
Sentimos muito trazer essa notícia para você, mas você foi enganado. O meteoro que atingiu a terra à milhões de anos atrás não os extinguiu. Na verdade, o impacto do meteoro erradicou apenas parte dos grandes lagartos. A outra parte sobreviveu por muitos anos ainda, evoluindo e se transformando até dar origem à um novo tipo de criatura…

Igualmente feroz e assustadora. Autor desconhecido, extraído de http://www.cordeliacallsitquits.com/are-you-playing-chicken-with-your-dreams/
Bom, não apenas galinhas. Aves de forma geral, e diversas evidências fósseis apontam para essa relação. Compreender o processo dessa evolução é um dos grandes desafios de paleontólogos e evolucionistas no mundo todo. Semana passada, o pesquisador brasileiro João Botelho, empregado na Universidade do Chile alcançou a imprensa mundial com seu experimento peculiar: Fazer uma galinha com pernas de dinossauro.
Isso foi feito desativando um gene conhecido como IHH ou Indian Hedgehog (Ouriço da Índia). Pernas possuem dois ossos importantes, a Fíbula e a Tíbia. Em dinossauros, a fíbula era comprida, que se estendia até o tornozelo do animal. Nas aves – na galinha, em especial – a fíbula é muito mais curta e fina. O “desligamento” do gene fez com que a fíbula do embrião crescesse de maneira semelhante aos dos seus ancestrais répteis.

A fíbula de aves é bem menor que a de répteis, e não se conecta ao tornozelo. (Autoria da imagem: João Botelho et al)
Segundo os pesquisadores, isso ocorre porque, na maturação inicial da fíbula, um outro osso, chamado calcâneo (Responsável por formar o calcanhar em mamíferos) pressiona a fíbula, e essa pressão emite sinais que impedem o seu crescimento. Porém, quando o IHH foi desligado, o calcâneo passou a expressar um outro gene chamado PthrP, que estimula o crescimento de extremidades ósseas.
Trocando em miúdos, os pesquisadores descobriram que a fíbula em aves inicialmente cresce de forma normal, como seria se fosse o desenvolvimento de um dinossauro, mas é posteriormente inibida pelo calcâneo. O IHH efetivamente impede o crescimento “normal” da perna de dinossauro, gerando a formação óssea que vimos nas galinhas e outros pássaros.
Infelizmente, isso não nos traz mais perto de um Jurassic Park. Os embriões não sobreviveram até o nascimento, e tampouco era essa a intenção do experimento. O que o experimento faz, porém, é oferecer uma nova visão para o desenvolvimento de pernas de aves: Antes, se pensava que a fíbula era reduzida meramente porque a tíbia crescia mais. O estudo de Botelho e sua equipe apontam para uma visão diferente: A fíbula é efetivamente impedida de crescer, gerando sua redução em comparação à tíbia.