Descoberta de 15 anos atrás pode levar à novo método de prevenção de morte súbita em atletas
Imagem de capa: Encontrada na internet, autor desconhecido.
Uma das coisas mais difíceis na ciência é descobrir quando um conhecimento será utilizado. Levaram mais de três décadas para as descobertas de Gregor Mendel se transformarem de um experimento curioso sobre ervilhas na peça final para completar a explicação da evolução das espécies.
Em 2000, David Marshaw e seus colegas publicaram um trabalho demonstrando como a mutação de uma proteína em específica – a miosina – levava ao desenvolvimento de cardiomiopatia hipertrófica, que é uma comum causa de morte súbita em atletas jovens. O papel da miosina é se conectar à outra proteína, a actina, de forma a proporcionar a contração do músculo cardíaco.
Coração hipertrófico. Autor: Mariana Ruiz (Lady of Hats)/Wikipedia (domínio público). À direita – coração hipertrófico. Perceba o espessamento do músculo
O paradigma da época era que essa mutação fazia com que a miosina perdesse sua capacidade, mas Marshaw provou o contrário: a mutação aumentava o poder de ação da miosina., em algo que o pesquisador comparou a “colocar um motor de fórmula indy em um chassis de Stock Car”.
O que nos leva ao trabalho de Eric Green, publicado na edição de 5 de fevereiro da revista Science. A equipe de Green descobriu que a administração de uma molécula chamada MYK-461, ajudou a inibir esta atividade anormal da miosina. O experimento foi realizado em ratos nascidos com esta mutação, e o tratamento com MYK-461 permitiu que os corações dos ratos se desenvolvessem de maneira normal, sem os sintomas associados, e sem efeitos danosos para os outros músculos do organismo, que também dependem do correto funcionamento da miosina.
Assim, este estudo traz esperança para que, em um futuro próximo, um tratamento semelhante esteja disponível para humanos, de forma a fornecer uma melhor expectativa de vida à portadores da mutação. Naturalmente, a viabilidade desta substância no tratamento de humanos ainda precisa ser estudada exaustivamente, mas um promissor primeiro passo foi dado.
Fontes: Eurekalert, Times of India
Quando está previsto a comercialização deste medicamento?
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Esse tipo de coisa é muito difícil de prever… Estudos em animais são o primeiro passo de um longo e árduo processo. Caso haja interesse em levar esta molécula adiante como um fármaco precisarão estudar a dose ideal, como essa droga se comporta no organismo, para então começar testes em humanos, que envolve muitos testes com muitos indivíduos, saudáveis e doentes.
Ainda vai levar muito tempo, se um dia se concretizar. Mas não muda a importância da descoberta.
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