Corpo e mente precisam de cuidados no tratamento contra doenças mentais

Há uma diferença de dezoito anos na expectativa de vida de pessoas que sofrem com doenças mentais e o resto da população no geral, e isso só pode ser revertido com a proteção da saúde mental e física do paciente, de acordo com um novo estudo.

Como parte da comissão da Lancet Psychiatry sobre doenças mentais, os pesquisadores da Universidade de Queensland descobriram que a saúde física era frequentemente deixada de lado no tratamento psicológico. O psiquiatra-adjunto e professor de Queensland Dan Siskind disse que, desta vez, era necessário priorizá-la. 

“Uma entre cinco pessoas ao redor do mundo vive com problemas psicológicos e essas pessoas podem morrer dezoito anos antes do que o resto da população,” afirmou o doutor Siskind. “Ao contrário do que se esperava, isso não se deve ao suicídio, e sim a problemas de saúde ligados a esses distúrbios psicológicos, como diabetes, doenças cardiovasculares e fatores de estilo de vida. Essa comissão busca descobrir quão grande realmente pode ser essa diferença entre expectativas de vida, descobrir as causas e suas ramificações, e analisar estratégias práticas para diminuir essa diferença.”

Dr. Siskind também citou a diabetes como o maior exemplo, afetando duas vezes mais tais pacientes do que a população saudável. “Fazer com que as pessoas sejam mais fisicamente ativas, melhorar a nutrição e parar com hábitos como o cigarro e o uso de drogas são escolhas de estilo de vida que modificam esses resultados. Também estudamos efeitos causados por medicamentos e como eles podem ser administrados para mitigar os muitos efeitos colaterais, tal como a obesidade.”

Os pesquisadores esperam que os achados sirvam como uma bússola para que médicos e profissionais da saúde possam tratar adequadamente os pacientes psiquiátricos. “Pode ser difícil para uma pessoa confiar em profissionais de saúde, ainda que possa consular o seu psiquiatra. Queremos dar o poder a esses profissionais de se envolverem com seus pacientes e dedicar a eles os esforços de uma equipe multidisciplinar, uma equipe que não inclui apenas psicólogos e enfermeiras mas também nutricionistas e fisioterapeutas. Uma equipe de ‘consulta única’, onde os pacientes possam ter avaliadas a sua saúde física e mental por uma junta de especialistas, pode levar a melhores resultados.”

Siskind diz que essa tática multidisciplinar também ajudaria pacientes a retomarem o controle de seu bem-estar, e superar a debilitante falta de motivação.

“Motivação é facilmente perdida nos pacientes psiquiátricos. Se pudermos remover as barreiras ao tratamento, então poderemos começar a fazer avanços ao longo de uma gama ainda maior de doenças físicas. Isso é para fazer as pessoas lembrarem que pacientes também são pessoas; não se trata apenas de erradicar os seus problemas, mas cuidar da sua saúde.”

Fonte: EurekAlert!
Imagem: Online Academic Community