Máscara de cobre achada na Argentina é a mais antiga da região andina
Texto traduzido de autoria de Mindy Weisberger
Uma máscara de cobre antiga e de formato retangular recentemente encontrada na região sul dos Andes, no noroeste argentino, tem 3.000 anos de antiguidade – é um dos mais antigos objetos de metal feitos pelo homem na América do Sul – e sua descoberta desafia a ideia estabelecida de que a metalurgia sul-americana se originou no Peru, de acordo aos arqueólogos.
Encontrado num lugar onde adultos e crianças foram enterrados, a máscara data de aproximadamente 1000 a.C., segundo a descrição dos autores do estudo. Buracos marcam a posição dos olhos da máscara, do nariz e da boca, com outros pequenos orifícios circulares perto das bordas que poderiam ter sido usados para segurá-la através de cordas no rosto ou em um objeto.
Fontes de minério de cobre foram encontradas a 70 kilômetros do lugar onde a máscara foi desenterrada, sugerindo que foi produzida localmente. É, portanto, muito provável que a metalurgia tenha surgido na Argentina ao mesmo tempo em que se desenvolvia no Peru, declaram os pesquisadores no estudo.
Objetos de ouro estimados em 4.000 anos foram encontrados no sul do Peru, de acordo a um estudo publicado em fevereiro de 2008 no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences. Artefatos de bronze datando de 1000 d.C. foram previamente achados nos Andes peruanos, apesar que é difícil para os especialistas dizer com certeza se os objetos se originaram no lugar onde foram encontrados, ou se o comércio os trouxe ali. Mas a evidencia de metalurgia local no Peru também pode ser demonstrada em vestígios de metais encontrados em sedimentos da região, que datam do período anterior aos incas, segundo estudos de 2007.
O mau tempo durante a estação chuvosa de verão expôs a máscara de metal – junto com uma coleção de ossos humanos – em uma tumba perto da vila de La Quebrada, no noroeste argentino, segundo os autores do estudo. Haviam cerca de 14 corpos na área de enterros, com os ossos todos misturados e a máscara colocada no topo de uma esquina da pilha de ossos.

Outras máscaras foram encontradas na região do noroeste argentino. Esta foi elaborada em pedra. (Coleção Zavaleta do Museu Field de História Natural em Chicago)
Perto dali, uma segunda área abrigava um único ocupante. Os ossos de uma criança de aproximadamente 8 a 12 anos de idade, também datando de cerca de 3.000 anos atrás, estavam enterrados com uma miçanga e o que parecia ser um pingente de cobre, perfurado por um pequeno orifício cerca do topo.
A máscara media cerca de 18 centímetros de comprimento e cerca de 15 centímetros de largura. As impurezas no cobre eram menores a 1%. Para criar a máscara, alguém teria que ter martelado a superfície metálica enquanto estava fria e logo reaquecido-a, de acordo aos pesquisadores.
A idade desses objetos de metal – em particular a máscara, elaborada deliberadamente para assemelhar-se a um rosto humano – é uma forte sugestão de que os povos nas regiões andinas da Argentina estavam moldando o cobre em artefatos muito mais cedo do que se pensava previamente, notam os autores do estudo.
“Evidencia de fundição do cobre e do recozimento [um processo que resfria o metal lentamente para torná-lo mais forte] dá mais destaque aos vales do noroeste argentino e do norte chileno como centros precoces de produção de cobre”, alegam os pesquisadores.
“Essa informação é fundamental para qualquer narrativa que busque entender o surgimento da metalurgia andina”, eles concluem.
A descobertas, que foram publicadas online em 5 de junho no periódico Antiquity, foram originalmente divulgadas no periódico Boletín del Museo Chileno de Arte Precolombino.
Referência