Armas Químicas – Entendendo a Tragédia

Nas últimas semanas, um ataque químico na Síria chocou o mundo e levou os Estados Unidos à reagirem bombardeando um aeroporto Sírio. Porém, o uso de armas químicas é bem antigo, sendo registrado desde antes da Era Comum. Seu marco no campo de batalha aconteceu em 1915 quando o alemão Fritz Haber teve a ideia de utilizar Gás Cloro no intuito de os adversários de guerra batalhassem em campo aberto, mais de 5000 soldados franceses morreram devido aos efeitos do gás. Ao final da guerra, mais de 100 mil mortes foram provocadas devido ao uso de gases tóxicos, com isso em 1925 a liga das nações por meio do Protocolo de Genebra proibiu o uso de armas químicas, não proibindo a fabricação e o armazenamento.
O uso de armas químicas só foi, de fato, proibido em 1972 com A Convenção das Armas Biológicas e Toxinas, onde ficou proibido a fabricação, a estocagem e o uso de armas químicas. Em 2013, começaram as denúncias de armas químicas na guerra civil da Síria, e semana passada (4 de abril de 2017), novamente o Gás Sarin foi utilizado durante a guerra civil do pais. Para entender a inumanidade que é o uso dessas armas é importante e necessário saber os efeitos e como esses agentes são classificados.

A grande família dos agentes químicos utilizados na guerra química é composta por quatro grupos (baseados na ação do agente principal que compõem a arma).

Irritantes: Ligeiramente tóxicos, mas não letais (lacrimogênios e urentes), que podem tornar-se letais para a população civil, segundo sua persistência e concentração.
Um conhecido gás irritante é o Gás Lacrimogênio, nome genérico dado a vários tipos de substâncias irritantes como o clorobenzilideno malononitrilo, o brometo de benzila ou a cloroacetofenona. Com uma toxicidade variável, seus efeitos vão desde lacrimação a graves dificuldades respiratórias.

Vesicantes: Letais ou pouco letais, são substâncias químicas que em contato com a pele ou mucosas produzem irritação e bolhas cutâneas (Gás mostarda, Lewisite, compostos arsênicos).
O Tioéter do cloroetano conhecido como iperita ou gás mostarda é o que nos vem primeiro à cabeça quando falamos de guerra química, é um potente vesicante capaz de penetrar nas proteções mais comuns (Roupas, borracha, couro e tecidos impermeáveis) penetrando profundamente na pele e devastando as células atingidas. É letal em concentração de 0,15 mg por litro de ar podendo matar em dez minutos. De ação lenta, concentrações inferiores a 0,15 mg/L podem não ser letais mas causar feridas graves.

Sufocantes: São gases que ressecam e irritam as vias respiratórias. Para aliviar a irritação, o organismo segrega líquido nos pulmões, provocando um edema. A vítima morre literalmente afogada. Um dos mais conhecidos gases sufocantes é o ácido cianídrico, um composto letal capaz de matar em concentrações de 300 ppm (partes por milhão), um produto derivado do ácido cianídrico é o inseticida Zyklon B (com base em ácido cianídrico, cloro e nitrogênio) utilizado nas câmaras de gás dos campos de concentração na Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Nervinos (Agem no sistema nervoso): Um dos agentes mais mortais utilizados como arma química é o Gás Sarin (C4H10FO2P), sintetizado a primeira vez em 1938 na Alemanha. Como os outros gases do gênero ele atinge o sistema nervoso, os primeiros sintomas são dificuldades respiratórias e contração das pupilas, seguido da progressiva perda de controle das funções corporais que levam a um estado de coma, convulsão e morte. Exposição a concentrações não letais podem levar a danos neurológicos irreversíveis. Em altas concentrações o vapor de Sarin pode ser absorvido pela pele tornando máscaras inúteis.

Esse texto foi uma colaboração de autoria de Henrique Barbosa e Patrícia Pereira Guilherme. O Mural Científico é apenas o veículo onde os autores decidiram publicá-lo.

Fontes:
Focus.it
Wikipedia – Gás Lacrimogênico
Uol – Entenda Como Funciona o Gás Sarin
Wikipedia – Substância Vesicante
https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_mostarda
Mundo Educação – Tiocompostos
Wikipedia – Ziklon B