A curiosidade nos compele à buscar resultados dolorosos, diz estudo
Foto de capa: Encontrada na internet, retratação do mito da Caixa de Pandora. Extraído de CreepypastaWiki
A curiosidade é um dos instintos humanos mais básicos, e saciá-la é um impulso muitas vezes incontrolável, à despeito de quais consequências negativas possam vir desta satisfação. Isso é retratado no mito da Caixa de Pandora, onde uma jovem liberta todos os males sobre o mundo devido À sua curiosidade. E, segundo um estudo recentemente publicado na Psychological Science, esse impulso realmente faz parte da essência humana, com resultados potencialmente catastróficos.
A hipótese dos pesquisadores, suportada por estudos anteriores, era que seres humanos são compelidos por sua curiosidade à testar e descobrir resultados, mesmo que ao custo de experiências dolorosas ou não prazerosas. Para testá-la, os pesquisadores elaboraram um experimento onde os voluntários eram colocados individualmente em uma sala de espera para “aguardarem o início do experimento”. Para matar o tempo, eles podiam brincar com algumas canetas no local, que eram “material de um experimento anterior”.
Os participantes foram, sem saberem, divididos em dois grupos. Um grupo recebia canetas vermelhas e verdes, e era avisado que as vermelhas davam choque, ao passo que as verdes eram canetas normais. O outro grupo, porém, recebia apenas canetas amarelas, não identificadas, e era avisado que algumas davam choques.

Você não gostaria de saber o que tem na caixa? A curiosidade é um impulso extremamente básico do ser humano, e teoriza-se que seja um mecanismo que nos ajude a aprender mais coisas sobre nosso ambiente e desenvolver algumas habilidades. (Imagem: 20th Century Fox)
O resultado? Os grupos que receberam as canetas não-identificadas apertaram um número maior de canetas do que o grupo que recebeu as identificadas – em média, os indivíduos que receberam canetas amarelas apertaram cinco delas, ao passo que o grupo das canetas verdes e vermelhas apertou em média uma verde e duas vermelhas.
Para confirmar seus resultados, os pesquisadores replicaram o experimento, primeiro usando mais canetas, e então utilizando um modelo diferente, com botões em um teclado que tocavam um som agradável (água fluindo) ou desagradável (unhas num quadro negro) quando pressionados. Um grupo recebeu teclados com a maioria das notas identificadas, e outro com a maioria das notas não identificadas. Os resultados em ambos os casos foram semelhantes.
Não apenas isso, mas os pesquisadores também descobriram que os participantes que apertaram mais botões (ou seja, o grupo incerto) se sentiram pior e menos felizes que os participantes cujos resultados eram certos. Ou seja, satisfazer sua curiosidade não os trouxe satisfação pessoal.
Portanto, por mais que a curiosidade possa ser benéfica para o ser humano, ela também pode ser bastante destrutiva. Segundo Bowen Ruan, um dos pesquisadores envolvidos no trabalho, “Esperamos que esta pesquisa chame a atenção para os perigos de procurar informações na nossa época, que é a era da informação”.
Fontes: Eurekalert