Poluição do ar pode causar diabetes

O açúcar pode não ser o único responsável pelo aumento de casos de diabetes no mundo. Um inimigo invisível já causou 3,2 milhões de novos casos.

A poluição do ar vem se mostrando um grande problema para a saúde global. O PM2·5 – refere-se ao material particulado que tem um diâmetro menor que 2,5 micrômetros, cerca de 3% do diâmetro de um fio de cabelo humano. PM2·5 está associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, pulmonares, renais e outras doenças não transmissíveis, e contribuiu para cerca de 4,2 milhões de mortes prematuras em 2015.

Expelido por carros e fábricas, essas partículas ficam suspensas e tornam o ar difícil de respirar. A poluição do ar tem sido associada a condições crônicas, como doenças cardíacas e diabetes, mas este estudo é um dos primeiros que tenta quantificar a conexão com o diabetes.

Pesquisadores rastrearam 1,7 milhão de veteranos norte-americanos sem histórico anterior de diabetes, através da vinculação dos bancos de dados do Departamento de Assuntos de Veteranos do exército dos EUA, por quase uma década para avaliar seu risco de desenvolver diabetes. Eles também usaram dados de estudos globais sobre o risco de diabetes, bem como dados de qualidade do ar da Agência de Proteção Ambiental dos EUA e da NASA, para criar equações que analisaram a conexão entre a exposição à poluição do ar e diabetes globalmente.

A nova estimativa, divulgada no periódico The Lancet Planetary Health, considera que a poluição do ar é responsável por cerca de 14% dos novos casos de diabetes em todo o mundo. Fatores como genética, peso, nível de atividade e dieta também influenciam o risco da doença, que está em ascensão globalmente. (A Organização Mundial de Saúde estima que 422 milhões de pessoas agora vivem com diabetes tipo 2 – de 108 milhões em 1980).

A associação da poluição por PM2·5 e o risco de diabetes é notavelmente consistente em vários estudos de diferentes populações. Este mecanismo é agora apoiado por evidências tanto em modelos experimentais como em humanos que inalaram nanopartículas, que quando suficientemente pequenas podem entrar na corrente sanguínea e interagir com órgãos distantes – incluindo tecido hepático – e exibir afinidade para se acumular em locais de inflamação vascular.

Além disso, evidências experimentais e humanas sugerem que a exposição a poluentes ambientais pode levar a distúrbios clinicamente significativos no sistema nervoso autônomo, estresse oxidativo, inflamação, estresse do retículo endoplasmático, apoptose e desequilíbrios metabólicos na homeostase da glicose e da insulina, incluindo intolerância à glicose. sensibilidade à insulina e secreção prejudicada e aumento das concentrações de lipídios no sangue, proporcionando, assim, plausibilidade mecanicista biológica à associação da exposição ao PM2·5 e ao risco de diabetes.

O ar não é o mesmo em todo o mundo: não é novidade que os países com altos níveis de poluição, como Paquistão, Índia e China, também apresentam taxas especialmente altas de diabetes relacionado à poluição do ar.

Referência: The Lancet

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