Maternidade Sendo Um Obstáculo Para Sucesso de Algumas Cientistas
Acadêmicas que possuem filhos relatam uma crescente dificuldade relacionada ao acesso de pesquisas e de gerar atenção em seus resultados obtidos quando em comparação aos seus colegas masculinos.
Este é o achado central da pesquisa conduzida por Cornelia Lawson, Aldo Geuna e Ugo Finardi, a ser apresentada na Royal Economic Society em sua conferência anual na Universidade de Sussex, em Brighton, março de 2018.
Analisando as carreiras e trajetórias de 262 cientistas homens e mulheres na Universidade de Turin ao longo de uma década, o estudo revela que mulheres recebem menos fundos de pesquisa do que seus colegas homens, e a taxa de citação (quando uma pesquisa é citada em outro trabalho acadêmico) é ainda menor para mulheres com filhos.
O estudo examinou a aprendizagem e o comprometimento familiar em comparação a patrocínio público e o impacto de certas pesquisas alcançado junto da qualidade de publicações científicas e o volume de suas citações.
Os pesquisadores da Universidade de Bath, em Turin e o Conselho de Pesquisa Nacional da Itália descobriram que o financiamento de pesquisa é controlado por networks de elite, como as juntas científicas profissionais, com aqueles que ocupam dentro delas papeis de direção recebendo o dobro de financiamento para pesquisas do que os demais colegas, potencialmente revelando um favoritismo no processo de seleção.
Dra. Cornelia Lawson, da Escola de Administração na Universidade de Bath, diz: “Nossa pesquisa prova que cientistas mulheres com filhos não estão recebendo o mesmo nível de citação que os seus colegas. Pode ser que o desafio em fazer viagens internacionais para atender a conferências e encontros para promover estes achados científicos, entrando em confronto com as responsabilidades parentais, possa ser o ponto comum para a penalidade em ser mãe, assim deixando muitos trabalhos de qualidade silenciados. Isso só mostra que há a necessidade de sistemas de suporte para mulheres com crianças em sua responsabilidade. É interessante também notar que a paternidade é correlacionada a um índice maior – não menor – de taxas de citação no estudo, refletindo talvez uma decisão estratégica de começar uma família quando suas carreiras já estão seguramente estabelecidas e garantidas.”
Os pesquisadores também acreditam que os resultados têm aplicações viáveis para um grande número de disciplinas acadêmicas e a países incluindo todo o Reino Unido, China e os Estados Unidos, onde a alocação de recursos é também conectada e favorecida aos membros de grupos da elite.
Aldo Geuna, da Universidade de Turin, diz: “A forte influência das posições de direção das sociedades profissionais em financiamento de pesquisas é preocupante. Outras networks deveriam receber as mesmas oportunidades de recursos e diversidade de seleção em seus processos, o que deveria ser crucial. O enigma da produtividade é uma questão importante para universidades que estão lutando para obter maior conhecimento científico e técnico. Nós esperamos que as universidades façam tudo em seu poder para responder a estes obstáculos encarados pela comunidade científica feminina.”
A pesquisa aponta para o treinamento iniciado pelo Conselho Europeu de Pesquisa e para os Conselhos de Pesquisa do Reino Unido em medida de resposta a preconceitos inconscientes e existentes em alocação de recursos em pesquisas, assim como para a cartilha Athena SWAN para promover a igualdade de gênero entre acadêmicos; medidas positivas que eles esperam poder fazer ultrapassar os obstáculos identificados neste estudo.
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Fonte da matéria: EurekAlert!
Fonte da imagem: SocialGoodBrasil