Música como remédio: usando música para ajudar pacientes com Alzheimer

Créditos da imagem: Robyn Wishna/Ithaca College

Traduzido de Neuroscience News

A graduada em música e voz Jessica Voutsinas, 18, estava cantando a clássica música “Over The Rainbow” para um residente de Longview – uma casa de repouso próxima ao campus do Ithaca College – quando uma mulher inesperadamente começou a contar estórias sobre sua vida.

Voutsinas começou a visitar Longview como parte de um novo curso do Ithaca College chamado “Explorando a música como remédio”, que ensina os estudantes a como lidar com pacientes com Alzheimer e outros tipos de demência e os insere em casas de repouso locais para levar música aos residentes. Desde o lançamento do programa, dezenas de pacientes em Tompkins County experienciaram seus benefícios.

“Você toca músicas familiares”, professora e cofundadora do curso, Jayne Demakos, 78, diz. “Isso é a que responderão as pessoas com Alzheimer e demência”.

“As aulas foram uma experiência transformadora para mim”, diz Voutsinas. “Pareceu inacreditável que a música pode fazer coisas que as pílulas não podem. Mas após testemunhas isto e experienciar por mim mesma, minha percepção sobre música mudou inteiramente”.

Ryan Mewhorter, 19, graduado em voz e performance, conheceu a ideia do poder curador da música quando ouviu Dean Karl Paulnack, da Escola de Música, falar sobre o programa no começo de seu primeiro ano em Ithaca College.

Tendo perdido seu avô para a doença de Alzheimer, Mewhorter imediatamente quis envolver-se no projeto. Em seu segundo semestre no campus, ele encontrou uma organização estudantil chamada “Curando pelo acompanhamento musical”. O clube agora possui 50 membros que visita o Centro Beechtree de Reabilitação e Repouso no centro de Ithaca semanalmente para tocar músicas gravadas para os pacientes. Usar músicas gravadas permite que estudantes que não são músicos ajudem a desencadear memórias nos residentes e encorajar respostas emocionais positivas.

Durante sua visita à Beechtree em fevereiro de 2016, a participante do clube Kathryn Kandra, 19, conheceu uma mulher que estava presa em sua cadeira de rodas, com a cabeça inclinada em direção ao próprio colo. Kandra começou a tocar o musical “Annie” em um iPod e, em questão de minutos, a mulher começou a cantar junto com a música. Ao meio do primeiro ato, ela começou a perguntar à Kandra sobre sua vida em Ithaca College.

“Quando a conheci, ela era completamente não-verbal”, diz Kandra. “É maravilhoso poder ter proporcionado ao menos 10 minutos de lucidez e companhia à ela”.

“Música ao vivo tem o sentimento de ser mais pessoal”, diz Mewhorter. “Quando você coloca fones de ouvido no residente, não tem muito espaço para se comunicar. Quando você apresenta música para eles, eles podem cantar junto e fazer contato visual contigo e seguir o ritmo”.

Ver o incrível entusiasmo do curso “Explorando a música como remédio” e o clube “Curando pelo acompanhamento musical” propiciou o debate de ampliar os programas. Paulnack diz que é possível que a Escola de Música pode considerar criar um curso de graduação ou minor¹ de música na medicina. O programa poderia envolver os departamentos de música, recreação e estudos de lazer, gerontologia, de patologias de linguagem falada e audiologia, terapia ocupacional e escrita.

“Nós não afirmamos que sabemos o que estamos fazendo ainda”, diz Paulnack. “Nós apenas queremos saltar de cabeça e explorar isto”.

Nota do editor:

¹ Minor é uma modalidade de graduação do sistema americano. Trata-se de um curso de curta duração, com certificação obtida quando o aluno faz uma certa quantia de disciplinas de uma área do conhecimento, diferente do major, que é equivalente aos nossos cursos de bacharelado.

Fonte: NeuroScienceNews

 

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