Urano e Netuno podem conter o chamado “Ácido de Hitler”

Imagem de capa: Wikimedia Commons

Usando modelos de computador, os químicos das universidades MPIT e Skoltech (Instituto Skolkovo da Ciência e Tecnologia) descobriram que moléculas podem estar presentes nos interiores de Urano, Netuno e os satélites gelados dos planetas gigantes. Os cientistas descobriram que a altas pressões, típicas para os interiores de tais planetas, compostos moleculares e poliméricos exóticos podem ser formados. Estes compostos incluem o ácido carbônico e ácido ortocarbônico, este último também conhecido como “ácido de Hitler”.

Os gigantes gasosos menores, Urano e Netuno, consistem basicamente de carbono, hidrogênio e oxigênio. Os cientistas sabiam que sob pressão atmosférica todos os compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio, com exceção de metano, água e dióxido de carbono, são termodinamicamente instáveis. Com um aumento da pressão, a água e o dióxido de carbono permanecem estável, mas a pressões acima de 93 gigapascais (0,93 milhões de atmosferas) o metano começa a decompor-se e forma outros hidrocarbonetos – etano, butano e polietileno.

Os cientistas tentaram a tarefa de encontrar todos os compostos estáveis na faixa de até 400 GPa (cerca de 4 milhões de atmosferas) e descobriram inúmeras novas substâncias.

Os cientistas descobriram que em uma pressão de vários milhões de atmosferas compostos inesperados devem ser formados em seus interiores. A uma pressão inferior a aproximadamente 4 GPa o metano começa a interagir com o hidrogênio molecular formando “co-cristais” (quando duas moléculas em conjunto criam uma estrutura de cristal) e a 6 GPa hidratos, “co-cristais” feitos de metano e água são formados. Para colocar isto tudo em um contexto, a pressão na parte inferior da Fossa das Marianas (a parte mais profunda dos oceanos do mundo) é 108,6 MPa, mil vezes menor.

Quando a pressão sobe para 44 GPa ácido carbônico é convertido num polímero que permanece estável até pelo menos 400 GPa. Além disso, a 314 GPa uma reação exotérmica entre o ácido carbônico e água é possível, o que resulta em ácido ortocarbônico (H4CO4). Os cientistas ainda não têm sido capazes de produzir este composto em laboratórios, uma vez que é extremamente instável. A estrutura molecular do ácido ortocarbônico lembra uma suástica, por isso que é por vezes referido como “ácido de Hitler”.

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Exemplo de ácido orto carbônico, e sua semelhança com uma suástica (Imagem: Wikimedia commons)

Referências:Mipt

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