Cientistas detectam recuperação da camada de ozônio
Imagem de capa: World Meteorological Organization, via Flickr.
Traduzido e adaptado de Ozone layer on the mend, thanks to chemical ban, de Eric Hand, Science Magazine
Desde que foi descoberto em 1985, o buraco da camada de ozônio sobre a Antártida tem sido um poderoso símbolo do quão potente é a capacidade humana em causar danos ambientais. Recentemente, porém, surgiu o vislumbre de uma boa notícia: O buraco na camada de ozono está diminuindo. “É uma grande surpresa, eu não achei que seria tão cedo.”, diz Susan Solomon, química atmosférica no Instituto de Tecnologia de Massachusetts em Cambridge.
Embora o buraco não vá fechar completamente até, no mínimo, meados do século, a “cura” é reconfortante para os cientistas que apoiaram o Protocolo de Montreal. O acordo internacional de 1987 busca a eliminação progressiva da produção industrial de clorofluorocarbonos (CFCs): produtos químicos que ajudam a desencadear a destruição do ozônio estratosférico, responsável por filtrar a luz ultravioleta que pode causar câncer.

A camada de ozônio serve como barreira protetora para os raios solares mais perigosos, que podem causar problemas de saúde graves como câncer de pele (Imagem: Autor desconhecido, extraída de CulturaMix)
Durante o frio inverno antártico, ácido nítrico e água condensam-se fora da atmosfera formando nuvens finas. Na superfície dessa nuvem ocorrem reações químicas que liberam cloro proveniente dos CFCs. O cloro, por sua vez, destrói o gás ozônio, mas apenas na presença de luz. É por isso que sobre a Antártida a perda de ozônio não ocorre para valer até setembro, o início da primavera no hemisfério sul, quando ocorre o retorno de luz solar para o polo sul. O pico de perda ocorre geralmente em outubro, que é quando os pesquisadores normalmente tomam nota das mudanças de ano para ano.

Reação do Cloro com Ozônio (O3) (Imagem: Autor desconhecido, extraído de TheOzoneHole
Solomon e seus colegas de pesquisa descobriram que a tendência de cura foi mais evidente no mês de setembro. Usando uma combinação de medições feitas por satélites, instrumentos terrestres e balões meteorológicos sua equipe descobriu que desde 2000 o buraco diminuiu 4 milhões de quilômetros quadrados – uma área maior do que a Índia.
“Você quer ter certeza de que as ações que tomamos têm tido o efeito pretendido”, diz Solomon, que em 1986 liderou o estudo que pela primeira vez identificou nuvens estratosféricas como os sítios de reação do cloro, desempenhando um papel importante nas avaliações científicas para o Protocolo de Montreal e relatórios de status subsequentes. “O fato de que fizemos uma escolha global para fazer algo diferente e o planeta tem respondido a nossa escolha não poderia deixar de ser edificante “, diz ela.